O Garoto da Casa Verde VIII
Uma musica que se faz como o
vento, envolve o seu corpo e abraça a sua cabeça e os seus sonhos, te faz por
um segundo fechar os olhos, respirar fundo, relaxar um pouco os músculos. Mas
assim que abri os meus olhos, eu estava sentada na cadeira enfrente da mesa da
diretora, ela me olhava com um sorriso no rosto, e a musica não estava mais
tocando na minha cabeça, agora estava dissipada no ar como um gás rebelde e
livre da minha cabeça.
Em cima da mesa tinha os papeis
com os horários das aulas, continha também uma chave do cofre, ela tinha um
sorriso doce, se vestia com um vestido social azul, com uma blusa branca no
meio, com o cabelo em coque, com lindos óculos pretos, antes que eu dissesse algo,
ela colocou um folheto amarelo em cima e falou:
-Essas pequenas listas, são os nossos cursos extras, pelo o
que a observei acho que você vai gostar do nosso curso de desenho.
Ela olhava para as minhas roupas,
para a minha bolsa, e para o meu caderno de desenho que estava em meus braços,
eu segui seus olhos e sorri para ela de volta, pegando os papeis e a chave, eu apenas
agradeci:
- Muito obrigada, espero gostar.
Levantei-me, sai estavam todo no
intervalo no corredor, em grupos, era muito engraçado como saber
classificá-los, mas não vou ficar os descrevendo, acha que em toda a escola do
mundo é assim.
O que me apavorava, era que todos
ficavam me olhando, com certeza por que eu era nova no colégio, eu queria que
eu não fosse à única, mas pelo visto, e as observações, até chegar ao meu
armário, sim eu era a única nova.
Ao abrir a porta de alumínio já
estavam todas as minhas matérias lá dentro de que eu iria precisar, fui olhar
os meus horários de aula, e tinha matemática como primeira, eu peguei todos os
cadernos de matemática que poderia precisar, por que eu era péssima, peguei meu
caderno e de cabeça baixa olhando para os meus cadarços, fui para a sala.
Sabia que eu não era feia, sabia
disso a minha única amiga e alguns garotinhos já tinham falado isso para mim e
era o que afirmava quando me olhava ao espelho, era uma morena relativamente
alta e com lindos cabelos encaracolados, minha mãe me chamava de Branca de Neve
quando eu era pequena, mas talvez por não me vestir bem ou na “moda”, isso pode
e é um defeito aos olhos dos olhos, principalmente se essas pessoas são de famílias
de classe média a alta, mas me sentia bem com os meus macaquinhos jeans, minhas
calças rasgadas, minhas jaquetas pretas e os meus amados al. stars, tinham cada
um com uma cor, sempre pedia um para a minha mãe, tinha de todos os tipos a
curto preto o longo na perna toda vermelho.
Eu amava as minhas tranças, adorava ficar inventado no meu cabelo, era
de raiz, era de lado, era mais aberto, era metade do cabelo e eu quase nunca
usava maquiagem, eu não gostava.
Eu achei a sala muito rápida, era
em frente à biblioteca, quando entrei ainda tinha alunos, fora da sala, me
sentei em uma cadeira no canto, em baixo de uma janela na segunda fileira, todos
conversavam muito, algumas pessoas me olhavam ainda.
Quando uma ruiva muito fofa com
sardas e uns óculos engraçado, se sentou ao meu lado e veio toda simpática falar
comigo:
-Você é a aluna nova que todos estão falando não é?
Eu sorri meio tímida, mas me
virei e respondi:
-Acho que sou eu. Meu nome é Clara, prazer.
Ela me deu um beijo no rosto, e
um abraço muito caloroso e disse:
-Me chame de Ana, pode me pedir ajuda no que precisar se
sentir perdida aqui, pode pedir, se quiser conversar estou aqui também.
Assim que ela estava falando,
algo na porta me fez ficar paralisada de surpresa, não sabia o que fazia se
fugia, simplesmente senti que o ar tinha sumido ao meu redor, parecia algo difícil
respirar naquele rápido segundo, que na minha cabeça ficou lento, até eu
entender, respirar e voltar a mim.
Ele estava entrando, parado na
porta, com suas matérias de baixo do braço, com uns três amigos a sua volta,
certamente não tinha reparado em mim, mas eu não queria acreditar que o Eduardo
estava ali, no mesmo colégio que eu, na mesma sala, eu não queria que aquilo
estivesse acontecido. Mas ele estava bonito como sempre, com sua jaqueta da
natação provavelmente do colégio, seu cabelo estava cortado embaixo do boné,
seus olhos e seu sorriso estavam lindos como sempre foi.
Sabe aquele momento da sua vida,
em que você adoraria que aparecesse um buraco no chão ao qual você pudesse se esconder
e ninguém conseguir te encontrar eram esse o momento que estava sentindo com o
frio na minha barriga, sentindo minhas mãos tremerem.
Para a minha grande sorte, ele
foi se sentar no fundo da sala com seus amigos, nem olhou para mim, o alivio
foi tão grande que lágrimas involuntárias vieram aos meus olhos, tanto que
quando o professor chegou à sala a minha vizinha de carteira, Ana veio falar
comigo:
-Você está bem?
Eu enxuguei as minhas lágrimas com
a palma da mão, respirei fundo, eu realmente estava aliviada, mas eu iria fazer
o possível para que ele não consiga me ver, mesmo sabendo que um dia será
inevitável, já que estudamos no mesmo colégio, no mesmo ano, e na mesma sala.
Apenas olhei para ela sorri,
afirmei que sim com a cabeça, então a aula começou.
Era uma aluna com muitas duvidas,
mas sempre perguntava quando tinha duvida, era uma pessoa esforçada, apesar de
não ter a certeza do que eu queria, eu tinha um gosto pelos estudos.
Mas pela primeira vez, quando
levantei a mão para fazer uma pergunta sobre funções:
- Por que o três cruza o y?
Fiquei surpresa, pela fisionomia
do professor como se tiver perguntado tivesse sido um erro, ele suspirou
fechando o olho depois os abriu e olhou para mim ao responder:
-Por favor, senhorita...
Ele olhou a lista de chamada, viu
que eu era nova, deu um pequeno sorriso e falou para a sala, me apontando para
todos, mas não tive a coragem de virar as costas:
-Ora, ora temos uma nova aluna na sala hoje. Bem Vinda
Senhorita Oliveira. Onde eu estava?
Seu olhar de duvida e de certa
forma de deboche, se fez clarear depois de alguns segundos e voltou a falar:
-No final da aula, vem até a mim que lhe explicarei.
E voltou a escrever e a explicar
seus exercícios no quadro.
Claro todos começaram a conversar
sobre a forma que o professor me tratou, sendo grosso, fazendo um barulho na
sala, até que olhei por um momento para a minha diagonal e a loira que tinha
visto na sala da diretora estava me olhando com certa maldade, então me virei
para a lousa quando professor pediu silêncio a todos.
As
vezes quando estava copiando, ou tentando prestar atenção no professor e
desistia por que afinal não sabia mesmo. Eu olhava distraída para a janela,
vendo a água da garoa, pingar um pouco sobre o vidro as pontas das folhas das
árvores, o jardim que a escola tinha era bonito, tinha suas variedades de
flores, eu pensava o quanto seria prazeroso as pintarem, no meio do jardim
tinha dois balanços para os menores, ficava vagando com saudades, quando era
pequena e ficava me empurrando com os pés no parque da antiga casa, estava
usando os meus primeiros óculos, já que um tempo da minha vida escolhi usar
lentes, por que meus pais podiam pagar e não gostava muito de usar óculos, ele
estava na quadra do mesmo parque jogando basquete com uns três amigos, e eu
estava sozinha apenas observando o local, os detalhes das flores pequenas no
chão e como ele era fofo mesmo quando tinha seus seis anos de idade.
Quando eu ouvi o sinal do fim da aula, tocou e eu tive que ir conversar com o professor.
( Continuação)


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