O Garoto da Casa Verde Capítulo IX

Coloquei a mochila debaixo do braço, respirei fundo senti um pouco de o suor grudar na minha testa, sentia o vento fraco do ventilador tocar levemente ao arrepiar o meu braço, ao chegar perto da mesa do professor vi o cadarço do meu tênis solto, precisando urgentemente desamarrar, mas eu estava tão nervosa que não liguei eu apenas olhei para o professor e disse:
- Desculpe professor por ter perguntado.
Ele simplesmente se levantou, fechou à porta da sala, naquele momento eu achei que estava ferrada, pensei agora que não tenho chance de nada, vou ser expulsa da sua aula e até da escola, meus pais vão ter de procurar outro colégio para me colocar.
Mas ele deu um pequeno sorriso, colocou a mão no ombro e disse de forma carinhosa:
-Eu que peso desculpas por ter sido grosso, é que esses alunos sempre me irritam e nunca perguntam, e quando o fazem é sempre uma brincadeira de mau gosto.  Eu entendo que você não seja daqui e que provavelmente não viu algumas partes da matemática, eu só peço que quando tiver uma duvida, venha me perguntar no final da aula.
Eu sorri com o seu sorriso, e de repente senti o ar voltar para os meus pulmões e senti os ombros relaxarem eu afirmei com a cabeça, quando eu estava saindo para abrir a maçaneta da porta, ele se levantou e falou:
-Qualquer duvida pode perguntar, que tirarei suas duvidas, passou a mão uma ultima vez no meu ombro e abriu a porta para eu sair e sorriu sem tirar os olhos em mim.
Era um professor bonito e jovem tinha olhos verdes e corpo forte moreno, achei o seu jeito muito estranho para um professor, mas coloquei a na cabeça que ele estava querendo só ser gentil e me ajudar com as duvidas.
Assim que sai para corredor, todos por algum motivo pareciam muito estranhos queria entender tal comportamento, então virei o meu rosto para ir ao meu armário e o vi encostado no seu conversando com algumas pessoas, fui andando e não queria encará-lo, mas eu senti seus olhos no meu ombro, então não sei o que me fez olhar, mas eu senti um incômodo que tive que virar minha cabeça e olhar, viu os seus olhos verdes sorridentes virados para mim me encarando, eu senti meu rosto esquentar, quando eu fui virar meu rosto para frente eu bati no ombro de alguém, fui à pior desastrada:
-Meu desculpe.
E advinha quem era para o meu pesadelo? A loira, que me viu quando cheguei e que estava estampada em seus olhos que não tinha gostado nada de mim, ela simplesmente disse muito mal educada:
-Olha para onde anda cega!
Eu mal a olhei continuei andando e cheguei ao meu armário, não estava acreditando nas coisas que estavam me acontecendo apenas em um dia.
Então a aluna prestativa e fofa, veio conversar comigo no meu armário, quando eu estava pegando material para a próxima aula:
-Oi aluna nova! Pode falar, o professor de matemática deu em cima de você não foi?
Eu me virei meio falsa, e com um sorriso no rosto, já fechando o meu armário:
-Oi Ana! Eu acho que não, ele só me disse para tirar as duvidas com ele no final da aula, foi só isso.
Ela me olhava de baixo para cima, ficou com uma cara de interrogação, parecia que nada do que eu dizia fazia algum sentindo, ela mastigava aquele chiclete, que parecia que todas daquele colégio gostavam e faziam aquele barulho irritante:
-Tem certeza?
Eu fiz que sim com a cabeça:
-Por que seria diferente?
E segui andando para a próxima sala de aula, ela continuou com o mesmo olhar simplesmente respondeu em seguida de um sorriso:
-Nada, mas se precisar da minha ajuda pode pedir, esse professor da encima de quase todas as aulas daqui, se eu fosse você tomaria cuidado, principalmente por que você é nova na área, vê se fica esperta.
Eu sorri para ela antes de entrar na sala e apenas disse:
-Obrigada.
Amarrei o cabelo cacheado no próprio cabelo, fazendo um coque alto, e sentei a mesma cadeira que sentei na primeira aula.
Peguei uma folha sulfite da minha bolsa, e fiquei desenhando posições de mãos de bailarina, eu colocava cada detalhe minuciosamente e com cuidado, tinha toda atenção para o que estava fazendo, não podia errar um risco.
Sabe aquele momento que você não sabe bem o motivo e talvez nem precise de um, você sente de leve uma mão macia e delicada mesmo sendo de homem, e mesmo não vendo a sensação que te da de paz, você suspira um pouco, então a voz doce e aveludada fala:
-Você desenha muito bem.

Levantei meu rosto e vi seus olhos gentis em mim e ao meu desenho, eu apenas sorri de volta, não conseguia dizer nada, então eu olhei para o lado e a loira estava olhando brava para mim e naquele mesmo segundo uma professora  com um vestido branco e loira e de sorriso grande entrou na sala. 

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