O Garoto da Casa Verde ll
Eu nunca fui uma garota de muitos
amigos, era aquela garota com o seu pequeno diário no canto da sala, observando
o professor.
Sua camisa branca colava em alguns pontos de suor. Não sei o porquê mais cismei em ficar olhando, e um dos seus amigos moreno, tinha os olhos um pouco puxados e da cor mel não era feio, mas ele começou a me olhar também, achando que estava olhando para ele. Assim, que me percebi acelerei o passo e fui para casa, muito envergonhada, imaginando que naquela altura do dia todos os meus "segredos" tivessem sido revelados.
( Continuação)
Logo que
acabava de escrever sobre o que via, ou alguma história que ficava na minha
cabeça eu tentava aos poucos num pequeno espaço de folha desenhar alguma coisa,
meus desenhos nunca foram bons, mas conseguiam expressar o que estava querendo
passar.
Não sei explicar como
funciona a cabeça de uma criança ou o porquê ela faz o que faz, mas eu começava
a olhar todas as manhãs aquele garoto que de uma forma ou de outra me chamava
atenção, então em cada livro que lia ou cada filme ou desenho que assistia eu
tentava na imaginação encaixá-lo de alguma forma.
Aquela semana,
a professora de português tinha dado para agente ler como lição de casa a Bela
e a Fera em livro sem figuras, que por sinal eu amei.
Então na minha imaginação eu comecei a
mudar os personagens, tentava descrever as mudanças e desenhava, e de alguma
forma eu colocava suas características na história.
Os olhos verdes
e misteriosos da fera, o sorriso da Bela, os cabelos loiros como por do sol.
Quando de
repente, estava eu com o vestido verde escuro, enorme de época com os cabelos
em transas, claro que na minha imaginação eu já era adulta, e eu o imaginava
alto, bonito, musculoso, os cabelos grandes como os de época, em um rabo, com
vestimentas elegantes correndo atrás de mm, entrando em um labirinto, nós dois
riamos, conversávamos como se fossemos velhos amigos.
Eu
estava literalmente dormindo acordada, na mesa quando o professor me chamou
atenção para um exercício quando me dei conta, que não estava nas minhas
imaginações, mas naquela sala de aula.
Como uma imaginação infantil pode nos mudar e nos transportar para outra
dimensão. Faz-nos "dormir" nas aulas, fazer uma espécie de livro com
o nosso diário.
Quando eu estava voltando uma tarde para casa a pé, sozinha com minha
mochila nas costas eu acabo passando pela sua casa.
E
naquele dia ele estava na sua garagem com uns cinco amigos de escola, com
certeza fazendo "trabalho de escola", estavam jogando um pouco de
bola com musica, estavam quase todos sem camisa, menos ele, usava um boné muito
engraçado vermelho com uma espécie de monstrinho no meio e a
Sua camisa branca colava em alguns pontos de suor. Não sei o porquê mais cismei em ficar olhando, e um dos seus amigos moreno, tinha os olhos um pouco puxados e da cor mel não era feio, mas ele começou a me olhar também, achando que estava olhando para ele. Assim, que me percebi acelerei o passo e fui para casa, muito envergonhada, imaginando que naquela altura do dia todos os meus "segredos" tivessem sido revelados.
Durante umas boas semanas eu tentava cortar caminho para ir à escola,
apesar de até pegar ruas até longas, não queria encará-lo.
( Continuação)



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