O Garoto da Casa Verde III
Meus pais eram médicos, minha mãe era
pediatra e o meu pai era cirurgião, sempre viajava, eu o via às vezes aos
domingos, já no caso da minha mãe eu a via sempre à noite, antes de dormir,
durante o dia todo ficava escrevendo, vendo desenhos animados, lendo, fazendo
lições e casa, e por ser filha única à pressão para ser uma boa aluna era
enorme.
Então
apesar de viajar muito na maionese e nas minhas imaginações durante as aulas, sempre tentava me dedicar nos estudos
em casa para dar orgulho aos meus pais e nunca desapontava nas notas, só
algumas reclamações de professores dizendo que eu era muito distraída que isso
era o que me "prejudicava" para não ser ainda melhor segundo os
professores.
Mas no
geral meus pais não tinham muito que reclamarem de mim, apesar de não prestar
muita atenção e de não ser de muitos amigos, tinha apenas uma amiga na escola o
nome dela era Isabela, às vezes brincávamos juntas, mas ela nunca sabia das
minhas histórias e dos meus segredos, essas coisas eu fazia questão de manter
trancado a sete chaves.
Uma vez
a Isa iria fazer seu aniversário de 13 anos, a pedido da mãe dela, chamou quase
todos da sala, pelo visto a festa iria ser boa, e em especial ela me convidou
insistindo para eu ir apesar de não querer.
Era um
sábado a minha mãe me produziu toda, colocou um vestido azul em mim, penteou os
meus cabelos fazendo uma única transa de raiz, e me levou o Buffet, com uma
sacola de presente com roupas.
Assim
que entrei o salão era enorme, tinha dois andares e o teto era tão grande que
parecia não haver fim, com vários lustres pendurados, tinha várias salas de
brinquedos, tinha uma roda enorme de brinquedo, uma espécie de
"tirolesa" pequena. No centro do salão tinha várias mesas redondas,
com vários garçons servindo comes e bebes.
Estava
cheio de crianças e pais no lugar, não parecia ser possível um lugar tão grande
estar cheio, mas estava e assim que a Isa me viu ela me deu um enorme abraço e
me puxou para brincar, enquanto minha mãe foi sentar em uma das mesas.
Nós duas
brincamos muito nos escorregadores, na tirolesa, fizemos maquiagem borrada uma
na outra, quando ela foi dar atenção para as demais crianças.
Fui num cato de várias maquinas de jogos de vídeo game, queria saber
jogar e aprender como funcionava.
Assim que entrei em uma das caixas e comecei apertar os botões e saber
como funcionava, adivinha quem tinha se colocado ao meu lado e jogado comigo?
Ele
mesmo, o próprio, com seu sorriso em covinhas, uma de cada lado da bochecha,
seus lindos olhos verdes sorridentes, pareciam brilhar. Só percebi quando
estávamos no meio do jogo e por incrível que pareça estava ganhando dele, e
apesar de não estarmos conversando eu não me sentia muito nervosa, na verdade
acho que estava muito feliz, de estar perto dele, de estar me divertindo com
ele.
Quando
terminou a jogada, ele virou para mim surpreso e feliz, estendeu a mão para
mim:
-Nossa nunca tinha perdido para uma garota
antes, além de ser bonita. Meu nome é Eduardo, mas me chame de Edu.
Assim
que estendi a minha mão, ele beijou a minha bochecha antes de eu conseguir
falar, me deixando toda vermelha e falei apenas quase baixinho, com medo dele
não me ouvir:
-Clara.
Eu olhava os
seus olhos, quando parecia que alguma ideia tinha aparecido na sua cabeça,
então ele suspirou sentou em uma cadeira me convidando para sentar também,
assim que sentei ele disse:
-Somos vizinhos não é? Já vi você passar
perto da minha casa algumas vezes.
Imagine a
minha surpresa ao saber que ele sabia da minha existência, eu simplesmente
afirmei com a cabeça sem tirar o sorriso do rosto, parecia que algum sonho meu
louco e estranho estava acontecendo na festa da Isa, quando algo aconteceu,
para estragar tudo:
-Meu amigo me contou que te achou muito
bonita, que estava afim de você. Mal podia imaginar que ia te encontrar na
festa de aniversário da minha prima.
Só podia ser
realidade mesmo, eu simplesmente tirei um pouco do sorriso do rosto e respondi
me levantando:
-Que bom, fico feliz. Foi um prazer te
conhecer Edu.
Ele ia se
levantar com um lindo sorriso no rosto, aquele que ilumina qualquer tristeza,
mas eu não esperei, não soube saber o que estava para acontecer.
Eu
simplesmente respirei e fugi, corri para algum brinquedo longe, não queria mais
ter aquela conversa, estava me sentindo mal e com muita vergonha.
(Continuação)



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