O Garoto da Casa Verde V


 No meio do ano quando eu já tinha meus 15 anos, meus pais me vieram dizer que estavam com uma condição econômica um pouco melhor e que agente iria se mudar para uma casa mais perto do centro da cidade, que consequentemente iria mudar de colégio. 
        Não fiquei muito feliz com a ideia por que as minhas fantasias provavelmente iram chegar ao fim, mas por outro lado estava feliz pelos meus pais, e talvez eu fosse para um colégio melhor, não que eu não gostasse daquele colégio, só que eu estava aberta a novas experiências.
        Com a ajuda de mais dois homens, ficamos dois dias encaixando as coisas e colocando nos caminhões de mudança. Não tínhamos muita coisa, então fazer isso não foi muito difícil. 

       No ultimo dia à tarde, eu fui caminhar um pouco nas ruas, uma maneira de me despedir de tudo o que estava acostumada dês que nasci, fui a um parque perto, que tinha uma grande quadra de esportes.
      Por alguma coincidência do destino ele estava caminhando e correndo ao mesmo tempo com o seu cachorro, lindo e grande era um Labrador branco, nunca tinha reparado que na casa tinha um cachorro, mas duvidava que por aparentar ser filhote era uma coisa recente.
        Assim que me encostei perto de uma árvore ofegante da caminhada, bebendo um pouco da garrafa de água que tinha nas mãos, ele se sentou em um banco, dando água para o cachorro e para si. 
Então aproveitei a oportunidade e me aproximei, sentando ao seu lado e passando a mão no cachorro que ficou todo alegre com o carinho, quase pulando em cima de mim, quando ele o afastou, então eu falei:
-Que lindo!
Sorri para ele e continuei acariciando o cachorro, então eu vi seus olhos brilharem de reconhecimento:
-Você é a garota que ganhou de mim no vídeo game ano passado!
Eu ri daquela observação, o senti rir também e falei:
-Bela lembrança que você tem.
E continuamos a rir, até que ele parou e respirou apenas dizendo:
-Você está indo embora não?
Eu parei de rir junto, suspirei, abaixei a cabeça, continuei a acariciar o cachorro, não queria admitir que por algum motivo sentisse algo por ele, então eu simplesmente, dei um pequeno sorriso torto e confirmei com a cabeça, então ele disse entre risos:
-Vou sentir falta de quando você me olhava pela a minha janela.
Assim que eu ouvi aquelas palavras, as minhas mãos que estavam no cachorro, foram para a minha perna e senti as bochechas da minha face se esquentarem de vergonha, não fazia a menor ideia que ele sabia, então num súbito segundo eu me levantei, apertei a sua mão formalmente de vergonha e simplesmente disse me afastando:
-Preciso voltar, para ir embora. Foi um prazer conversar com você.
Eu vi que ele ficou com semblante de que não estava entendendo coisa alguma, mas ele apertou a minha mão e por alguns segundos eu o senti passar os dedos com alguma espécie de carinho e me soltou dizendo:
-Foi um prazer, sentirei falta.
Eu o ouvi dar uma risadinha quando eu fui embora. 
Não sabia que aquilo tinha mesmo acontecido, parecia alguma ilusão de realidade.
Entrei em casa, me arrumei e fomos embora para a nova residência.

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