Garoto da Casa vede 14

Seus cabelos loiros como o raio de sol, escorridos como franja diante de seus olhos verdes tão vivos como é raro achar, intensos como uma esmeralda, suas pequenas ruguinhas no contorno dos olhos, as pequenas sardas que ele tinha no nariz, era tão frascas agora, olhando para ele sem conseguir desviar os olhos, todos os anos, a diferença viva que ele estava do que quando tinha seus 13 anos, o fato de ter crescido, dos verdes estarem mais claros, da sua mão estar maior que a minha, do quanto ele estava malhando e ficando forte e cada vez mais alto.
Seus irmãos eram da ultima vez que me lembro loiros iguais a ele, mas aquele olhar dizendo que tinha algo de misterioso além do que estava sendo dito, aqueles olhos verdes que parecem ler minha alma, combinando com aquele sorriso de canto brincalhão, aquelas fitas azul e verde do seu braço, amarradas folgadamente em seu braço, aquilo tudo era uma maravilhosa obra de arte.
Eu ficava enrolando um cacho negro do meu cabelo que se soltara do rabo de cavalo que estava prendendo os fios rebeldes, tentado acalmar um pouco os ânimos e tentar desviar um pouco a tensão que parecia parir sobre nós, como nuvens de água, tentando inutilmente com meu cacho um pouco de raio de sol.
Eu ainda estava tremendo, me faltava palavras e ar, mas apenas disse:
-Quando?
Ele, sorriu, sem sair do lugar, apensar soltando um pouco sua mão da minha e falou, com uma expressão animada no rosto, me fazendo lembrar daquele garoto que brincava com seus amigos enfrente a sua casa:
-Eu conheço um lugar perfeito, parecido com o que nos vimos pela primeira vez, nós vamos depois das aulas amanhã pode ser Clara?
Eu suspirei, parecia encrenca mas achava dentro de mim que eu poderia conhecê-lo melhor e me divertir, então simplesmente disse:
-Tudo bem.
As garotas da minha idade, tinha seus ídolos musicas ou artísticos, dos estados unidos ou da Europa, ou do próprio pais mesmo. As musicas que eu escutava ou a maioria já tinha morrido como banda de rock ou eram country e para que ter ídolos e ser fã de homens que estão longe, se posso admirar um bem perto de mim e que pela primeira vez me convidou para sair ?
Então ele simplesmente deu um selinho na minha bochecha, que voltou a ficar vermelha instantaneamente, se levantou piscou para mim com seus lindos olhos e saiu da minha vista, me deixando voltar com a minha realidade de comida da cantina e com os meus desenhos em mãos.
Todo o caminho até o meu armário, fiquei pensando no que iria vestir, na bota que iria escolher, o que iria fazer nos meus cabelos rebeldes para se comportarem, como poderia parecer bonita e descontraída ao mesmo tempo, o que iria levar para ele ou não, até que a menina que falou comigo no primeiro dia de aula, veio falar comigo, quando já estava com a apostila de baixo do braço:
- Oi Clara, meus sentimentos pelo seu pai. Como anda as coisas?
Eu simplesmente sai um pouco da nuvem dos meus pensamentos e a encarei, para responder, adequadamente e brevemente para tentar com que ela vá embora, afinal ela não era a minha amiga, mal me conhecia e muito menos ao meu pai, não deve nem ter a noção do que é perder alguém que se ama, e fica me desejando pêsames:
-Estou levando a vida, como sei que me pai iria desejar.
Ela simplesmente se postou na minha frente, passou sua mão em meu ombro e com um pequeno sorriso disse, se dirigindo para a sua aula que graças a deus não era a minha:
-Pode sempre contar comigo sempre que precisar.
Estava indo para a minha aula de biologia, com vários olhares ainda me seguindo, quando eu o vejo com o seu grupinho de amigos novamente e dessa vez o grupo parecia ainda maior, estavam longe o suficiente para não ouvir o que estavam falando, mas parecia que estavam brigando sobre alguma coisa, todos pareciam com rostos sérios, quando fui pegar na maçaneta da porta, eu vi aquele menino japonês que eu vi em sua casa que olhou para mim como daquela vez, deu um sorriso e o vi que estava mais alto e mais forte, sua cara se fechou sério como se quisesse me dizer alguma coisa que estava acontecendo.
Mas eu simplesmente ignorei aquela expressão perturbadora no rosto dos dois principalmente, querendo entender o que estava acontecendo e simplesmente colocando na cabeça que seja o que for não era da minha conta.

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