Anjo Misterioso
A noite era
estrelada e fria. Via-me num lindo círculo de pedras na grama, e as estrelas
faziam um estranho círculo celeste como se eu fosse o centro. Era como se tudo estivesse
dando voltas, inclusive as árvores, localizadas um pouco adiante das pedras,
estavam dispostas em um círculo. O vento gélido e mórbido ondulava-se em meus
cabelos, fazendo eu me sentir cada vez com mais frio e medo.
Meus cabelos ruivos estavam com longos cachos na altura na
cintura, e possuíam excêntricas mechas em um tom de vermelho escuro, que os
dava um toque delicado e aparência auspiciosa. Meus olhos, delineados em preto,
davam-me um toque egípcio, contrastando meus olhos sombrios que possuem um tom
azul escuro. Meus lábios, sob um batom vermelho, aparentavam serem maiores e
mais carnudos do que o normal, e condiziam com meus cabelos avermelhados. Usava
um vestido preto à moda debutante, longo e armado, contendo apenas finas
camadas, o que ao longe, formava uma gigante e peculiar rosa negra. Em minha
cintura, um corpete definia meu corpo e abdômen, me dando um porte elegante e
belo.
Apesar disso tudo, não conseguia entender o
porquê de estar me sentindo muito mal, triste, arrepiada. Era como se, de
alguma forma, o medo e a apreensão estivessem atrofiando minhas cordas vocais,
me deixando apavorada e terrivelmente chocada . No entanto, todo o meu pavor e
apreensão se materializavam-se. As velas pequenas e brancas, dantes colocadas
no chão de pedra do qual eu estava no centro, eram tão luminescentes que tudo a
minha volta era iluminado. O vento suave das noites de outono soprava
brandamente, mas era o suficiente para apagar as chamas das velas.Com um efeito
dominó, todas se apagaram e eu mergulhei na escuridão.O breu do lugar me
cegava, e o medo corria por entre minhas veias. A escuridão não me assustou
tanto quanto a dor que eminentemente comecei a sentir. Agora as estrelas
rodavam no círculo celeste, mas seu brilho não poderia me salvar. Nunca mais.
Não conseguia enxergar nada, muito
menos a mim mesma, não sabia se ao menos estava viva, mas estou respirando não?
Mas por que sinto tanta dor?
Assim que essas perguntas apareciam
na minha cabeça, algumas velas começaram a serem acesas novamente uma por uma,
lentamente não conseguia ver quem as acendia.
Minha visão estava ficando cada vez
mais turva, só conseguia ver um vulto preto de tão embassados estavam os meus
olhos.
Tentei berrar de pavor e medo, mas
minha voz não me obedecia, saiam apenas pequenos sussurros. Meu medo era tanto
que a única coisa que consegui fazer foi chorar, as lágrimas rolavam em meus
olhos sem parar, estava ficando fraca, como se estivesse pego algum tipo de
doença.
Foi quando levei minhas mãos ao rosto
que vi, minhas luvas pretas estavam todas ensanguentadas, estavam inteiras
vermelhas.
Abaixei lentamente minha cabeça na
direção da minha barriga, apesar de que minha cabeça estava latejando de tanta
dor, arregalei meus olhos de espanto, pois não acreditava no que via.
Minha barriga tinha uma enorme faca,
estava enfiada bem profunda, da para sentir perfeitamente a lamina
encostando-se em minha pele, a sensação era fria como um bloco de gelo.
Senti as lágrimas quentes nos meus
olhos saiam sem controle e não parava de soluçar.
Foi quando senti duas mãos de homem
enluvadas de couro macio, apalparem meus seios e minha barriga onde se
encontrava a tal faca, eu senti nas minhas veias meus instintos falarem mais
alto e então brutamente consegui gritar.
Felizmente foi apenas um sonho.
Acordei com o cabelo todo emaranhado e a cama
toda amarrotada e cheia de suor, o sol batia forte no meu olho que quase doía.



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